A Assessoria Jurídica e a Gestão Empresarial

Para a prestação de serviços jurídicos empresariais de qualidade e também para a gestão de seu próprio escritório de advocacia, conhecimentos de administração e contabilidade são essenciais ao advogado, tendo em vista que o escritório, como qualquer outra empresa, possui as mesmas dificuldades e incertezas funcionais, administrativas, financeiras e operacionais.

Nesse ponto encontramos a clara ligação entre a percepção do advogado em ser um empresário gestor de sua própria empresa, ao fato de ser um eficaz assessor jurídico de empresas.

É muito difícil ao advogado que dedica a maior parte de sua vida profissional ao contencioso (“advocacia de fórum”), entender os anseios do cliente empresa. Nesse entendimento se afigura óbvio que uma boa comunicação é essencial para a recepção da questão e transmissão da solução. Seria o popular “falar a mesma língua”.

Ao empresário ou executivo de uma empresa, certamente não interessam os termos ou meandros jurídicos e judiciais, mas sim qual o resultado que tal atitude, seja ela judicial ou não, irá lhe acarretar.

Empresas de grande porte já adotam um formulário no qual seu setor jurídico responde a alguns questionamentos que visam medir os riscos das demandas judiciais antes que as empresas nelas ingressem. O empresário precisa quantificar o risco – custo/benefício de sua atitude. E, cabe ao seu advogado, ou melhor, seu assessor jurídico, esta avaliação.

Para isso é necessário que o assessor jurídico tenha tempo para dedicar-se ao cliente. Entender sua empresa, desde o processo de produção até onde as decisões maiores são tomadas. Somente assim, terá condições de avaliar com mais precisão o custo/benefício das atitudes que seu cliente pretende tomar.

Se todos sabemos que o Poder Judiciário é moroso, por variados motivos que não nos cabe aqui tratar, e tempo é dinheiro, o ingresso de uma ação deve sempre ser analisado com cautela, pois um grande preço poderá ser pago pela empresa, de ordem financeira, emocional, etc.
Nesse pensamento, podemos dizer que o assessor jurídico deve ter uma ampla visão de seu cliente empresa, que lhe permita, falando através de uma metáfora, ver a floresta e não somente a árvore. Identificar o contexto em que seu cliente está inserido e auxiliá-lo na resolução de seus problemas, trazendo-lhe à razão até se isto for necessário.

Infelizmente muitos empresários ainda vêem o advogado como um bombeiro, alguém que apaga incêndios. Ou seja, entra em cena somente quando o problema já ocorreu, quando então solucioná-lo ou meramente direcioná-lo, custa mais caro.

Um advogado que participe somente do fim do processo deliberativo, certamente não terá condições plenas de avaliar do ponto de vista jurídico, se aquela pretensão da empresa está ou não de acordo com todos os objetivos traçados pela administração, o que torna a assessoria jurídica preventiva e permanente a melhor opção sempre

André de Medeiros Larroyd
Agosto/2006